terça-feira, 2 de julho de 2013

Comportamento anticolisão dos peixes



 


 Todo ano, mais de 1 milhão de pessoas morrem e cerca de 50 milhões ficam feridas em acidentes de carro. No entanto, milhões de peixes nadam agrupados em cardumes sem praticamente nenhuma colisão. Como eles conseguem isso, e o que podemos aprender sobre prevenção de acidentes de carro?
   Peixes que nadam em cardume sabem o que se passa ao seu redor usando os olhos e um órgão sensorial chamado linha lateral. Assim, eles conseguem detectar a posição de outros peixes ao seu redor e agem das seguintes maneiras:
  1. Movimentando-se lado a lado. Eles nadam na mesma velocidade que os peixes ao lado e mantêm distância deles.
  2. Aproximando-se. Eles se aproximam dos peixes que estão mais longe.
  3. Evitando colisões. Eles mudam de direção para não se chocarem com outros peixes.


   Com base nesses três comportamentos, uma montadora de carros japonesa desenvolveu vários robozinhos que se movimentam em grupo sem se colidir. Em vez de olhos, os robôs usam tecnologias de comunicação; em vez de uma linha lateral, eles usam um sensor de raio laser. A empresa acredita que essa tecnologia a ajudará a criar carros “anticolisões” e a “contribuir para um ambiente trafegável ecologicamente correto e livre de congestionamento”.

   “Nós reproduzimos o comportamento de um cardume fazendo pleno uso de tecnologias eletrônicas modernas”, disse Toshiyuki Andou, engenheiro responsável pelo projeto do robô. “Neste mundo motorizado, temos muito a aprender com o comportamento de cardumes.”

Os sensores do besouro

  
 Incêndios florestais afastam a maioria dos animais, mas atraem o besouro Melanophila acuminata. Por quê? Porque árvores recém-queimadas são o lugar ideal para ele depositar seus ovos. Além disso, seus predadores fogem quando há incêndios, deixando os besouros livres para comer, acasalar e depositar ovos com segurança.


   Perto de suas pernas médias, o besouro possui sensores chamados fossetas loreais, que detectam radiação infravermelha vinda de um incêndio florestal. A radiação gera calor nas fossetas loreais e direciona o besouro para as chamas.

   Mas esses besouros possuem outros sensores para detectar fogo. Quando suas árvores favoritas queimam, suas antenas detectam quantidades minúsculas de certas substâncias     químicas liberadas pelo fogo no ar. Segundo alguns pesquisadores, essas antenas “detectoras de fumaça” conseguem encontrar uma única árvore fumegando a quase um quilômetro de distância. Em resultado da combinação de suas habilidades, parece que esses besouros detectam e localizam incêndios florestais a quase 50 quilômetros!

   Os pesquisadores estão estudando esse inseto para aprimorar equipamentos detectores de radiação infravermelha e fogo. Sensores infravermelhos tradicionais de alta resolução precisam ser resfriados, então o besouro pode ajudar a desenvolver sensores melhores que funcionam em temperatura ambiente. As antenas do besouro levaram engenheiros a projetar sistemas de detecção de incêndio mais sensíveis e que conseguem distinguir subprodutos de incêndios florestais de outras substâncias químicas.

   O modo incomparável de o besouro detectar locais para depositar seus ovos deixa pesquisadores impressionados. “Como esses besouros conseguem fazer isso?”, pergunta E. Richard Hoebeke, especialista em besouros da Universidade Cornell, EUA. “Pense no conhecimento limitadíssimo que temos sobre insetos com mecanismos sensoriais incrivelmente sensíveis e complexos 



                                          Os receptores infravermelhos do besouro 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Os balancins da mosca




   Como a mosca-doméstica consegue fazer acrobacias aéreas complexas e precisas? Quando atingida por uma rajada de vento, como ela consegue corrigir sua trajetória e manter o curso? Dentre outras coisas, o segredo está em dois minúsculos apêndices chamados balancins, ou halteres, localizados atrás de cada asa. 

   Um balancim parece uma vareta com uma saliência na ponta. Durante o voo, os balancins se movimentam para cima e para baixo no mesmo ritmo que as asas, só que na direção oposta. Cientistas descobriram que os balancins ajudam a mosca a manter estabilidade durante o voo.

   Com suas saliências nas pontas, os balancins “se movimentam numa direção específica, como o pêndulo de um relógio”, segundo a Encyclopedia of Adaptations in the Natural World. Se, durante o voo, uma mosca faz uma curva repentina — intencionalmente ou por causa de uma rajada de vento —, “a haste do balancim se torce”, diz a enciclopédia. “Essa torção é detectada por um aglomerado compacto de terminações nervosas ligadas ao balancim, e as informações são transmitidas ao cérebro para que a mosca possa fazer os ajustes necessários e se manter . . . no curso.” Por isso, as moscas são extremamente ágeis e difíceis de ser pegas.

   Engenheiros acreditam que uma tecnologia baseada nos balancins poderá ter inúmeras aplicações, como no desenvolvimento de robôs, insetos voadores micromecânicos e veículos espaciais. “Quem imaginaria que uma criatura tão pequena e desprezada como a mosca poderia nos ensinar tanto?”, escreveu o pesquisador aeroespacial Rafal Zbikowski.

A peluda vaca da Escócia



   Existe na Escócia uma raça de vaca com características bem diferentes: chifres encurvados, franja longa pendente sobre os olhos e pelagem densa e desgrenhada sobre o corpo robusto.

   Essa raça é uma das mais antigas e há séculos resiste ao clima severo das Terras Altas e ilhas da Escócia. Originalmente, as que pastavam nas distantes Terras Altas eram maiores e de pelagem vermelha, e as que habitavam as ilhas da costa oeste eram menores e em geral pretas. Hoje, embora existam vacas escocesas de várias cores — vermelho, preto, marrom-claro, amarelo e esbranquiçado —, todas são consideradas apenas uma raça.

   Sua franja grande e um tanto engraçada tem um papel muito importante. No inverno, protege os olhos do vento, da chuva e da neve. No verão, a proteção é contra insetos que poderiam causar uma infecção.

   Antigamente, durante a noite, vaqueiros e arrendatários rurais levavam seu gado para abrigos feitos de pedra. Faziam isso para proteger seus animais do clima severo e de lobos.

Sua incrível pelagem

   Essa vaca escocesa é a única raça que tem uma camada dupla de pelo. O pelo da camada externa é desgrenhado e longo, às vezes passando de 30 centímetros de comprimento. Essa camada é bem oleosa e protege o animal da chuva e da neve. Já a camada interna é macia e lanosa e mantém o animal aquecido.

   Jim, que trabalha cuidando dessa raça há muitos anos, explica: “Ensaboar esses animais é muito difícil, já que é quase impossível enxaguar todo o pelo.” Graças à sua pelagem especial, a vaca escocesa se adapta bem ao terreno montanhoso castigado por chuvas fortes e ventos congelantes, onde nenhuma outra raça de gado consegue sobreviver.

   Se o tempo fica quente e seco no verão, esse animal adaptável perde sua pesada pelagem externa. Depois, quando o tempo volta a ficar frio e úmido, ele cria uma nova pelagem.

Um bem valioso

   As vacas — incluindo a raça escocesa — não destroem plantações como as ovelhas, que mastigam raízes e brotos delicados. Na realidade, a vaca escocesa até mesmo melhora as condições de um pasto. Como? Com seus chifres longos e focinho largo, ela remove alguns tipos de mato dos quais a maioria das raças nem chega perto. Isso ajuda a regenerar pastos e árvores.

   Mas a camada dupla de pelo da vaca escocesa oferece ainda outra grande vantagem. Visto que ela não precisa de uma camada extra de gordura para se manter aquecida, sua carne tem menos gordura e colesterol e mais proteína e ferro do que a carne de outros gados. E essa carne de alta qualidade é produzida sem a necessidade de rações caras.

Uma palavra de cautela

   Essa raça de gado sempre conviveu de perto com humanos. Muito tempo atrás, escoceses mantinham esses animais dentro da casa, no andar de baixo, pois a presença deles ajudava a aumentar a temperatura no andar de cima, onde a família ficava.

Embora o gado doméstico seja em geral calmo e dócil, a vaca escocesa às vezes pode ser perigosa. Um exemplo disso é quando ela está com um filhote. Também é preciso tomar cuidado para não andar no meio de uma manada, mas ao redor dela.

Por causa da versatilidade dessa raça, ela é criada em várias partes do mundo. Ela pode ser encontrada até mesmo no Alasca e na Escandinávia e a 3 mil metros de altitude na cordilheira dos Andes. Mas ela também se adapta a climas mais quentes.

A Escócia não é conhecida apenas por seu tecido xadrez, kilts e gaita de foles, mas também por seu lindo e inconfundível gado.

A nadadeira da baleia-corcunda

   Uma baleia-corcunda adulta é maior e mais pesada que um ônibus. Ainda assim, esse mamífero gigante é incrivelmente ágil ao mergulhar e fazer curvas. Parte do segredo está nas saliências de suas nadadeiras.

    A maioria das baleias e outros cetáceos possui nadadeiras com bordas frontais lisas. Mas não a baleia-corcunda. Ela tem saliências bem grandes (chamadas tubérculos) na borda frontal de suas nadadeiras. Quando ela nada, a água flui sobre as saliências e forma um grande número de vórtices. As saliências canalizam o fluxo de água e criam turbulências. Esse efeito proporciona mais força de sustentação à baleia, permitindo que ela incline bem suas nadadeiras sem perder sustentação. Nessa inclinação, as saliências também reduzem o arrasto — um benefício importante para suas longas nadadeiras, que individualmente correspondem a um terço do tamanho de seu corpo.

   Pesquisadores estão usando esse conceito para aprimorar lemes de barcos, turbinas hidráulicas, moinhos de vento e hélices de helicópteros.