quarta-feira, 16 de setembro de 2015

As baleias estão aqui!

 


  Todos os anos, no começo de julho, as fêmeas da baleia-franca-austral (Eubalaena australis), também conhecida como “baleia certa”, chegam ao litoral sul de Santa Catarina, Brasil. Elas vêm de tão longe como a região da Antártida, que fica a milhares de quilômetros, para dar à luz e amamentar seus filhotes nas águas rasas. Durante muitos meses, moradores e turistas que estão nas praias ou penhascos ficam maravilhados de observar as baleias — mães e filhotes descansando ou brincando na água! *

Gigantes marinhos acrobatas

  Uma fêmea pode chegar a 16 metros de comprimento, mais ou menos o tamanho de um ônibus articulado, e pesar até 80 toneladas. Seu corpo gigante geralmente é preto, às vezes com manchas brancas na barriga. A cabeça é enorme, um quarto do comprimento do corpo. A boca é longa e arqueada. Essa espécie de baleia não tem nadadeira dorsal, como algumas têm. Para nadar para frente, ela flexiona sua cauda larga e pontiaguda para cima e para baixo, em vez de para os lados, como os peixes fazem. Para mudar de direção, ela movimenta suas nadadeiras. Isso é parecido à manobra de um avião.

  Embora sejam enormes, as baleias-francas são bem ágeis. Elas fazem acrobacias impressionantes: boiam com a cauda fora da água por longos períodos; levantam a cauda e a batem com força na água; saltam e, quando caem, espirram tanta água que dá para ver de longe.

Características físicas


  Na cabeça das baleias-francas há várias calosidades esbranquiçadas ou amareladas — áreas ásperas da pele cobertas por colônias de pequenos crustáceos chamados de ciamídeos, ou piolhos-de-baleia. Karina Groch, coordenadora do Projeto Baleia Franca, do Brasil, explica: “Cada padrão de calosidades é único, assim como as impressões digitais de uma pessoa. Isso permite a identificação de cada baleia-franca. Quando as baleias visitam nosso litoral, tiramos fotos de suas calosidades e registramos essas fotos em nosso sistema.”

  Biólogos dizem que é difícil saber com que idade as baleias-francas morrem porque essa espécie não tem dentes. Eles calculam que a baleia-franca viva pelo menos 65 anos.
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Hábitos alimentares curiosos


  As baleias-francas se alimentam de minúsculos crustáceos. Em cada lado do maxilar superior, elas têm um “filtro” composto por centenas de barbatanas que possuem placas com franjas de cerdas finas. Ao nadar, as baleias abrem a boca, filtrando a água pelas barbatanas para capturar suas minúsculas presas. Assim, cada baleia pode consumir até 2 toneladas de crustáceos por dia.

  A baleia-franca-austral passa o verão (janeiro/fevereiro) se alimentando no oceano Antártico. Assim, ela consegue acumular bastante gordura em sua pele. Essa gordura serve como um excelente isolante quando ela está em águas frias e como reserva de alimento quando ela migra.

Por que ela tem esse nome?


  Do século 18 em diante, baleeiros caçaram grandes quantidades dessas baleias no Hemisfério Sul. Elas eram consideradas as baleias “certas” para caçar. Por quê? Essas baleias nadam devagar; por isso, até mesmo baleeiros em barcos frágeis de madeira, equipados apenas com arpões manuais, conseguiam caçá-las. E, diferentemente de outras espécies de baleia, as baleias-francas flutuam depois de mortas, por causa da enorme quantidade de gordura. Assim, os baleeiros conseguiam facilmente arrastá-las para a praia.

  Além disso, a gordura e as barbatanas de baleia eram importantes mercadorias no passado. A gordura era usada como lubrificante e em lâmpadas a óleo nos postes das ruas. As barbatanas eram usadas para fazer armações de espartilhos e de guarda-chuvas, bem como chicotes para charretes. O valor das barbatanas de apenas uma baleia podia cobrir todas as despesas de uma viagem de caça!

  No início do século 20, a caça excessiva reduziu bastante a população de baleias-francas e, com o tempo, a caça às baleias deixou de ser uma atividade lucrativa. No Brasil, a última estação baleeira foi fechada em 1973. Embora a população de algumas espécies de baleia esteja aumentando aos poucos, outras continuam seriamente ameaçadas de extinção.

Plantas com habilidade matemática

 


  AS PLANTAS usam um processo complexo chamado fotossíntese para extrair energia da luz solar a fim de produzir alimento. Estudos realizados com algumas espécies revelaram que elas conseguem ainda outra façanha — elas calculam a quantidade ideal do alimento que vão consumir durante a noite.

  Durante o dia, as plantas convertem dióxido de carbono da atmosfera em amido e açúcares. À noite, muitas espécies consomem o amido estocado durante o dia para evitar a desnutrição e manter a produtividade e o crescimento. Além disso, elas processam o amido em estoque no ritmo certo — nem muito rápido nem muito devagar. Assim, consomem cerca de 95% desse amido até o amanhecer, quando começam a produzir mais.

  Essas descobertas se basearam em experimentos realizados com uma planta da família da mostarda, chamada Arabidopsis thaliana. Os pesquisadores constataram que essa planta regula cuidadosamente quanto deve consumir de suas reservas de alimento de acordo com a duração da noite, não importa se serão 8, 12 ou 16 horas até o amanhecer. Pelo visto, ela divide a quantidade de amido disponível pela duração da noite, determinando assim a taxa ideal de consumo.

  Como as plantas sabem a quantidade de amido que têm em reserva? Como determinam o tempo? Como conseguem fazer cálculos matemáticos? Estudos futuros talvez esclareçam essas perguntas.